Cartografia contra-colonial para a defesa do território sagrado na cidade de Caetité na Bahia

Os terreiros Ilé Àṣẹ Ojú Oòrùn e Ilé Àṣẹ Aiye ti Azoani

Autores

  • Paula Regina Cordeiro Universidade Federal Fluminense
  • Thonny Hawany

Resumo

Os terreiros de Candomblé são territórios gestados na encruzilhada afrodiaspórica. Esses locais possuem territorialidades específicas e recriam, dentro do Alto Sertão da Bahia, a possibilidade de cultuar os ancestrais (Egungun e Caboclos), Orixás e Ibejis. Contudo, essas territorialidades continuam sendo ameaçadas, não mais pela força da Lei, mas pelo racismo que permeia a sociedade e se alia à atuação de empreendimentos de energia eólica. A instalação desses projetos no território provoca intensa especulação imobiliária, o que acentua ações de expropriação, a exemplo do que ocorreu em 2024, quando máquinas invadiram o território sagrado dos terreiros Ilé Àṣẹ Ojú Oòrùn e Ilé Àṣẹ Aiye ti Azoani, em Caetité, Bahia. Entretanto, esse movimento expropriatório também gerou uma resposta comunitária, com o povo de santo se mobilizando para defender seu território. Isso resultou na criação de uma cartografia contra-colonial, capaz de afirmar suas afrografias na cidade de Caetité e fortalecer a resistência e ação política dos terreiros mencionados. É sobre esse movimento que o presente artigo se debruça, organizando-se nos quatro tempos do Cosmograma bakongo, o que convida à sua leitura através da percepção espiralar do tempo-espaço. Palavras-chave:  Ilé Àṣẹ Ojú Oòrùn; Ilé Àṣẹ Aiye ti Azoani; Cartografia contra-colonial; Afrografia; Expropriação territorial.

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Publicado

2025-08-07