Ópera e Judith Butler desnaturalizando os papéis en travesti a partir da teoria da performatividade
Abstract
Este artigo, partindo da experiência da autora com papéis en travesti em ópera (papéis masculinos interpretados por mulheres), pretende discutir uma possível relação da interpretação desses papéis com a teoria da performatividade de gênero, proposta por Judith Butler. Essa teoria é analisada e associada à performance na ópera e à natureza da voz, relacionando-as com os estudos atuais em musicologia feminista e musicologia queer (McCLARY, 1991; SMART, 2000; SOLIE, 1993; BLACKMER; SMITH, 1995; WOOD, 1995; BRETT, 1994; KOESTENBAUM, 1993), que abordam esse tipo de personagem. O artigo cria a hipótese de tratar os papéis en travesti como práticas subversivas que desnaturalizam e ressignificam o gênero e ampliam o leque expressivo das intérpretesReferences
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