Mais vale o magnetismo que faz a agulha da bússola apontar, do que a direção para onde ela aponta
Coletivo Ka em Florianópolis
Resumo
O presente artigo é uma entrevista com o coletivo Ka, de Florianópolis. O grupo surgiu como resposta a uma urgência posta pela pandemia do COVID-19, que deixou a população de rua e a população em situação de vulnerabilidade à própria sorte. A resposta dada pelo coletivo não se satisfez em acolher essa população pelo viés do assistencialismo social, da filantropia engajada, mas exigiu que os atravessamentos políticos nas esferas da vida social como área de atuação artística se fizessem valer, em particular nesse cenário urgente – uma urgência que se trava “por cima da cerca ou do muro... É trocando bolo com a vizinhança que estreitamos os laços afetivos e potencializamos o corpo político da nossa rua, bairro e cidade. Nenhuma dessas relações é simples ou tranquila. Estar em coletivo, construir coisas em grupo gera uma série de conflitos, confrontos e desentendimentos, e é aprendendo a lidar com as diferenças que vamos construindo uma ética da amizade e alterando a paisagem urbana que vivemos.” Esta entrevista privilegia o formato da conversa, em consonância com a proposta de um estarjunto radical. Ela gira em torno de uma prática artística cujo valor não recai sobre a produção estética ali produzida, mas pelo valor atribuído à saúde política engendrada no encontro, na ética do cuidado, no circuito de saberes e afetos que transborda para uma trama mole, espontânea para além das ações do próprio coletivo e para além de seus integrantes. Produção de subjetividade como condição de seu processo, mas também como resultado, de arte.Downloads
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