Entre brechas e armadilhas

Entrecruzamentos da arte contemporânea com o animismo e a virada da planta

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Resumo

Apesar dos debates pós-coloniais terem contribuído largamente para uma maior consciência sobre as diversas camadas da violência imposta por diferentes sistemas e formas, padrões objetificantes ainda persistem. Em um momento em que mudanças no macroambiente terrestre, decorrentes da ação humana, demandam alternativas de pensamento, suas presenças obstruem necessárias mudanças de paradigmas. No cerne desse impasse, encontram-se embaralhados os chamados “Outros” coloniais, humanos e extra-humanos. O artigo traça paralelos e entrecruzamentos do movimento da virada da planta com o animismo, no plano histórico e cultural. Com foco nas relações entre humanos e vegetais, contextualiza historicamente o animismo e sua – ainda problemática – abordagem na atualidade, refletindo sobre a recepção e posicionamento dos conhecimentos que se encontram do outro lado da muralha das dicotomias excludentes. Neste contexto, lança a seguinte questão: seria possível evitar que movimentos – referentes à virada da planta, ao animismo e seus entrecruzamentos –, que hoje atravessam largamente a arte contemporânea, se dissipem como mais uma nova moda ou se tornem uma espécie de neocolonialismo? Para tal reflexão, o estudo aborda a relação da arte ocidental hegemônica com os saberes alteros, e se debruça sobre alguns exemplos de diferentes formas de atuação de artistas animistas contemporâneos, cujo trabalho – entre brechas e armadilhas, representação e representatividade – amplia o espaço social entre humanos e extra-humanos nas diferentes esferas das artes contemporâneas. Palavras-chave: Vegetal; Animismo; Antropoceno.

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Publicado

2025-08-07