Subversão da língua: O pajubá como ferramenta do Imaginário Travesti

Autores

  • Eduarda Neves Camargo UNESP

Resumo

O seguinte texto irá fornecer uma leitura da língua pajubá, marcada pela sua inventividade, hibridização de diferentes matrizes linguísticas e caráter estético e comunicativo subversivo. Diante das condições de opressão, marginalidade e precarização experienciada pela identidade construída no Brasil (e na América Latina, guardadas as suas especificidades locais) como "travesti", o pajubá se constitui como um dos pontos culturais específicos desse grupo. Para entender as dimensões da relação que o pajubá apresenta como ferramenta de expressão de um grupo minorizado, partiremos do conceito de Mundo-Caos do filósofo Édouard Glissant. Inicialmente será apresentada a concepção elaborada por Glissant, seguida de uma breve contextualização da identidade travesti no Brasil e a sua inserção dentro do imaginário popular através tanto da perseguição do Estado como da sua construção midiática. Por fim, será apresentado como o pajubá opera formas de revisão, resistência e ressignificação desse imaginário a partir de um movimento pulsante da língua, o qual encontra uma forma hibridizada (crioulizada, dentro dos termos de Glissant) de expressão. Para tal análise, será apresentada a constituição e algumas das fontes do pajubá, entedendo-a como uma língua compósita, como também se apresentarão poéticas travesti que utilizam do pajubá como força expressiva de inserção em espaços culturais.

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Publicado

2024-06-15