História de cenas fartas, com travessuras extraordinárias, desatinos e pequenices ridiculosas: a Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades e seu Cabaret Mystico
Resumo
O presente texto resulta do arrebatamento causado pelo espetáculo Cabaret Mystico (2016, ainda em temporadas intermitentes) e do desejo de reencontro, pessoal e profissional, com Ligia Veiga (Rio de Janeiro, 1959), diretora, atriz, pesquisadora da Música, do Teatro e das Artes Visuais, atuante no Rio de Janeiro. A partir de uma entrevista inicial (25 ago. 2017, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro) com roteiro destinado a colher dados sobre sua formação e a da Grande Companhia Brasileira e de assistir ao Cabaret duas vezes, entre julho e setembro do mesmo ano, foram feitas considerações sobre dois temas percebidos como fundamentais: os trajetos diferenciados de formação de Ligia e de criação do espetáculo em pauta são contaminados por um sentido denso e amplo de comicidade, que não opera nas fronteiras das artes e nas diferenças entre gêneros, mas, fazendo alguns de seus usos, expande-se para práticas políticas e sociais. Comicidade regada a cuidadosa e abundante compilação de extravagantes coleções de colagens de impactante visualidade e repertoriadas em baús imemoráveis, farta disponibilidade a dimensões coletivas, pelo proveitoso reuso de antigos feitos, pela entrega à ocorrência de contrastes inusitados e inesperados, pela alegria das apoteoses dilatadas, exasperadas, confusas e expandidas. Comicidade que dá largo espaço à memória e à visualidade, que no Cabaret sobressaem, respectivamente, nas músicas “de um tempo”, tocadas e cantadas no vivo da cena, e na plasticidade alargada de volumes e planos construídos pelos jogos atorais em pernas de pau e movimentos abrangentes, máscaras, corpos e figurinos fulgurantes.Downloads
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