Ouvido Absoluto: em busca de um modelo testável

Autores

  • Nayana Di Giuseppe Germano Instituto de Artes da Unesp

Resumo

Após uma extensa revisão bibliográfica sobre o traço cognitivo conhecido como Ouvido Absoluto(OA), foi observado que sua principal característica reside na habilidade de reconhecer e identificar tons utilizando rótulos verbais sem  nenhum tipo de referência. Contudo, há várias definições que incluem critérios não consensuais. Dessa forma, é importante encontrar uma abordagem adequada que lide de maneira satisfatória com os indicadores que classificam oOA, estabelecendo notas de corte para distinguir aqueles que possuem OA daqueles que não possuem. A primeira proposta é sugerir uma série de indicadores que apontem para o que seria a habilidade do OA, o que resultará em um modelo teórico que poderá ser testado em pesquisas futuras. O modelo para o OA (que consiste em indicadores propostos) pode ser estabelecido utilizando uma padronização de critérios e um constructo validado, assim como aqueles utilizados na área médica, como o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou o Composite International Diagnostic Interview.O teste, que resultará em um modelo teórico, deve utilizar-se de processos de um campo da estatística conhecido como equação de modelo estrutural, focado  em testar modelos teóricos. A existência de diferentes definições para o mesmo fenômeno latente utilizando diferentes critérios, inevitavelmente conduz a modelos teóricos distintos e não passíveis de comparação. Para estudar qualquer traço psicológico latente, é essencial identificar uma série de indicadores observáveis (por exemplo, critérios, expressões). Todos os critérios podem conter validade quando baseado em evidências, observações empíricas e fundamentação teórica. Este é um importante passo para as pesquisas sobre OA, uma vez que um modelo testável adequado para o traço cognitivo do OA possa ser definido e consequentemente avaliado quanto a sua adequação com a realidade.

Referências

Athos, E. A., Levinson, B., Kistler, A., Zemansky, J., Bostrom,

A., Freimer, N., & Gitschier, J. (2007). Dichotomy and perceptual

distortions in absolute pitch ability. Proceedings of the

National Academy of Sciences, 104 (37), 14795–14800.

Abraham, O. (1901). Das absolute Tonbewusstsein.

Psychologisch-musikalische Studie. Sammelbände der

internationalen Musikgesellschaft, 3, 1-86.

Bachem, A. (1937). Various types of absolute pitch. Journal

of the Acoustical Society of America, 9, 146-151.

Baggaley, J. (1974). Measurement of absolute pitch. Psychology

of Music, 2 (2), 11-17.

Baharloo, S., Johnston, P. A., Service, S. K., Gitschier, J.,

& Freimer, N.B. (1998). Absolute Pitch: An Approach for

Identification of Genetic and Nongenetic Components. The

American Journal of Human Genetics, 62 (2), 224–231.

Brady, P. T. (1970). Fixed-scale mechanism of absolute

pitch. Journal of the Acoustical Society of America, 48,

-887.

Deutsch, D. (2002). The Puzzle of Absolute Pitch. Current

Directions in Psychological Science, 11 (6), 200-204.

Germano, N. G. (2011). Categorização de Ouvido Absoluto

em Estudantes de Música de Nível Universitário nas

cidades de São Paulo e Brasília. Bachelor’s Dissertation –

Instituto de Artes da UNESP. São Paulo, november 2011.

Germano, N. G. (2015). Em busca de uma definição para o

Fenômeno do Ouvido Absoluto. Dissertação de Mestrado -

Instituto de Artes da UNESP. São Paulo, junho 2015.

Levitin, D. J. (1994). Absolute memory for musical pitch: Evidence

from the production of learned memories. Perception

and Psychophysics, 56 (4), 414–423.

Levitin, D., & Rogers, S. (2005). Absolute pitch: perception,

coding, and controversies. Trends in Cognitive Sciences, 9

(1), 26-33.

Nattiez, J.J. (1985). Tonal/Atonal. Enciclopedia Einaudi,

v.3, Artes - Tonal/Atonal. Porto: Imprensa Nacional Casa

Moeda, 331-356.

Miyazaki, K. (1988). Musical pitch identification by absolute

pitch possessors. Perception e Psychophysics, 44 (6),

–512.

Miyazaki, K., & Ogawa, Y. (2006). Learning Absolute Pitch

by Children. Music Perception, 24 (1), 63-78.

Parncutt, R., & Levitin, D. J. (2001) Absolute pitch. In S.

Sadie (Ed.), New Grove Dictionary of Music and Musicians

(pp. 37-39). New York: St. Martins Press.

Profita, J., & Bidder, T. G. (1988). Perfect Pitch. American

Journal of Medical Genetics, 29 (4), 763–771.

Stumpf, C. (1883). Tonpsychologie (v. 1). Leipzig: Verlag

von S. Hirzel.

Schulze, K., Gaab, N., & Schlaug, G. (2009). Perceiving

pitch absolutely: Comparing absolute and relative pitch

possessors in a pitch memory task. BMC Neuroscience, 10

(1), 10-106.

Takeuchi, A. H., & Hulse, S. H. (1993). Absolute Pitch.

Psychological Bulletin, 113 (2), 345–361.

Vanzella, P. & Schellenberg, E. G. (2010). Absolute Pitch:

Effects of Timbre on Note-Naming Ability. PloS one, 5 (11),

e15449.

Ward, W. D. (1999). Absolute Pitch. In D. Deutsch (Ed.),

The Psychology of Music (2nd Edition) (pp. 265-298). San

Diego: Academic Press.

Wellek, A. (1938). Das absolute Gehör und seine Typen

[Absolute pitch and its types]. Zeitschrift für angewandte

Psychologie und Charakterkunde-Beihefte, 83, 1–368.

Zatorre, R. J., Perry, D. W., Beckett, C. A., Westbury, C.

F., & Evans, A. C. (1998). Functional anatomy of musical

processing in listeners with absolute pitch and relative pitch.

Proceedings of the National Academy of Sciences of the

United States of America, 95 (6), 3172-3177.

Downloads

Publicado

2021-02-19

Como Citar

Germano, N. D. G. (2021). Ouvido Absoluto: em busca de um modelo testável. Música Em Foco, 1(1). Recuperado de https://periodicos.ia.unesp.br/index.php/musicaemfoco/article/view/290

Edição

Seção

Café com Paçoca